Vida Profissional



Casa Carro Tintas


    Comecei a trabalhar na Casa Carro Tintas em fevereiro de 92. Cheguei até a empresa por conhecer a Dulce, mãe de meu colega Mascote, companheiro de baladas. A Dulce soube que eu estava desempregado, e como ela já trabalhava na Casa Carro, me indicou. Comecei a trabalhar no atendimento a vendas para clientes de varejo, como oficinas e concessionárias, vendendo tintas e acessórios para pintura em geral. A Casa Carro trabalhava com tintas automotivas, imobiliárias e industriais.

     No início, comecei a trabalhar com o Dulce, numa sala que ficava do lado de onde o pessoal almoçava, atendendo clientes, resolvendo encrencas e tentando contornar a pressa que sempre acompanhava os pedidos dos clientes.

     A Dulce foi embora da empresa, e fiquei com a equipe de vendas, formada na época pelo João, vulgo Joãozinho; pelo Josafá, que atendia algumas companhias de ônibus; o Rodolfo e o pai dele; o Toninho e o Wilson. Estes vendedores atuavam dentro e fora da empresa. Havia também a turma que só trabalhava no atendimento, como a Fabíola, o Marcos, o Márcio, todos respondendo ao seu Luis, que era o mais antigo e experiente da empresa.

     A empresa foi ampliando o volume de vendas e o pessoal. Quando entrei, a empresa ficava num prédio de esquina, onde havia o andar de baixo, voltado para a avenida, que era a loja; o piso superior, onde funcionava a expedição, e a entrada para um apartamento, no andar de cima, onde funcionava o escritório.



     O escritório aumentou, locaram o apartamento ao lado, e mais os dois de cima, para ampliar os departamentos. Na parte superior, foi criado o departamento de vendas para atacado. Passei a fazer parte desse departamento, que ficou com o Marcos Cuca como gerente, e passou a contratar mais colegas para o atendimento.

     O volume de serviço era maior. Vivíamos a época de aumentos de preços constantes, viradas de tabela, e no nosso departamento, havia um jornal com diversas ofertas, enviado para todo o país. Quando se aproximava a data de vencimento do jornal, se tornava uma verdadeira loucura.

     A turma que trabalhou comigo um bom tempo na parte de atacado, eram a Roseli, uma jovem senhora, distinta, reservada, mas de bom humor; a Roseli, que vinha trabalhar com seu fusca verde abacate, também muito legal; a Vanessa, loira, com seus quadris tamanho 44 e suas calças tamanho 40, além do Milton, doido varrido de Santo André, com seu jeito moleque, malandro e sua CB 400.

     Todos trabalhávamos juntos, na mesma sala, com aquela bancada em cerejeira e os computadores em cima. O programinha que usávamos que era uma beleza. Era uma verdadeira lista de preço no computador, totalmente inútil, pois trabalhávamos com preços diferentes do pessoal da loja. Eu, além de fazer o atendimento de vendas, ainda dava apoio aos vendedores e representantes da empresa, fornecendo informações, passando folhas e folhas com alterações de tabelas de preço via fax, pois naquela época não tinhamos a facilidade do e-mail, pelo menos lá.

     No horário do almoço, a maioria levava marmita. Havia na área de serviço do apartamento, um aquecedor de marmitas. Eu tinha o hábito de ir almoçar geralmente mais tarde, com as últimas turmas que se revezavam a partir das onze da manhã.

     O único cara que conseguia chegar perto da minha marmita era o Alexandre Negão, que trabalhava na loja. A maioria, principalmente as meninas, levavam aquelas marmitinhas que pareciam pote de Polenguinho, de tão pequenas. Já eu, levava a minha tapaware, socada até a tampa, geralemente com arroz, feijão e carne. Minha outra tapaware, com alface e tomate, além de duas ou três frutinhas. Isso, sem contar a minha coquinha de 600ml que eu buscava no Mire.

     O Mire era o filho do Sr. Orestes, donos de um bar na esquina, e era o ponto de encontro do pessoal, antes do expediente, no horário do almoço e na hora da saída. O bar era pequeno, os dois se revezavam no atendimento. Eu mesmo, sempre passava lá. De manhã, era sempre um café com leite e um pão na chapa. Na hora do almoço, o pessoal após almoçar ia tomar um refrigerante, ou comprar um doce.

Lilian do Financeiro

     Mas o gostoso mesmo era na hora da saída. Íamos saindo do escritório, e indo para o bar. Juntava o pessoal de vendas, o pessoal do financeiro, como o Ricardo, os caras do balcão da loja, para tomarmos uma cerveja, juntamente com uma porção de amendoin, provolone ou salaminho. Geralmente o pessoal não demorava muito, eu mesmo, tinha que sair rápido, pois eu ia para a faculdade.

     O trabalho era puxado. Como eu atendia no tele-vendas e ainda fazia outras atividades,
ficava louquinho as vezes, com dois ou três telefones ao mesmo tempo. Ficou a saudade e muita gente legal, como o Enéas e Miltinho da Expedição, o Ricardo, Roque e Sandra do financeiro, a Tati e a Denise da recepção, entre outros mais...