Diário de Bordo


Diário de Bordo 2001

2001 - 20 e 21 de outubro


     Bem, voltando ao antigo costume, voltei a sair tarde daqui do trabalho na sexta-feira.

     Fiquei tentando colocar minha correspondência em dia. Fiquei até meia-noite e meia aqui, quando saí direto para o posto onde meu pai trabalha, a fim de busca-lo. Chovia forte na hora. Até então, fechado no nono andar, não tinha notado a chuva forte que havia inundado São Paulo naquele fim de tarde e noite. 

     Eu já havia sido avisado pelo telefone pela Andréa e pela minha mãe da força da chuva, que estavam preocupadas por meu carro já ter sofrido uma inundação até o painel com uma chuva forte que houve em janeiro. Bem, ao sair, por sorte meu carro estava no quarteirão em frente e não me molhei muito, pois não sei se seria melhor andar na chuva sem ou com meu guarda-chuva, que já esta fazendo hora extra no mundo dos guarda-chuvas, com uma de suas hastes quebrada, todo torto, virando do avesso ao menor vento, pingando para todo lado. 

     Entrei em meu carrinho e fui, com cuidado, seguindo pela avenida Ibirapuera e pela avenida dos Bandeirantes, sob aquela chuva forte! Não havia lentidão nem trânsito. Segui e entrei pela avenida Miguel Stéfano, que atravessa o Parque do Estado onde há o Zoológico, o Jardim Botânico e o Instituto de Astronomia. Só ali que pude visualizar como a chuva havia sido forte. Pela avenida, que segue por entre diversas árvores, se repetiam as inúmeras poças de água, terra que escorria dos barrancos que margeiam a avenida, muitas folhas e galhos. 

     Após passar a portaria do Zoológico, percebi que havia uma poça enorme na pista do sentido oposto, pois os carros que vinham faziam aquela enorme onda. Eu, que adoro passar em poça e fazer a água espirrar, fiquei com vontade de dar meia volta e passar ali, só para ver a água esguichar. Mas protelei, pois a hora já não era muito boa, a avenida é vazia, pois ali só há os muros de concreto de um lado, e um trecho de grades e de muro de arame farpado do outro, somando-se a isso ainda, diversos postes da iluminação pública apagados. Pensei, pensei enquanto seguia e achei melhor continuar meu caminho. 

     Cheguei ao posto onde meu pai trabalha. Faltavam ainda alguns minutos, e fiquei conversando com meu pai e com o Sr. Leo, que ia trabalhar o restante da noite ali. Logo deu o horário e segui com meu pai para casa. A distância não é longa, devem ser dois quilômetros e pouco. O inconveniente é seguir esses dois quilômetros enfrentando as subidas e descidas que se repetem ao longo do caminho, pela avenida do Taboão, até chegar em minha casa, e naquela noite, em especial, enfrentar esse trecho a pé, sob chuva, seria difícil.

     Enfim, chegando em casa, fui atrás de algo para jantar. Esquentei um pratão com arroz, feijão, carne e um pedacinho de pão. Jantei com meu pai, que logo se levantou e foi se deitar. Eu ainda terminei depois, daí fui me deitar. Ainda liguei a Tv, mas sinceramente, nem me recordo do que assisti, pois rapidamente adormeci.

     Minha intenção era acordar cedo, para ir ao Poupa Tempo, para tratar da renovação da minha habilitação, mas acabei acordando bem tarde, já quase meio-dia, e não daria tempo de ir. Tratei então de tomar meu café, ajeitar as camas, os sapatos que foram se acumulando durante a semana por baixo da cama, roupas e pequenos objetos.

     Meu irmão Marcos foi olhar um carro que ele havia visto num anúncio em Santo André. Fui com ele e com meu pai, para ver o carro. Chegando lá, nos decepcionamos. O vendedor que atendeu no telefone do anúncio havia ainda falado para meu irmão que o carro estava bonito e que ele poderia ir ver. Bela mentira, pois chegamos lá, encontramos um golzinho minguado, com o interior todo detonado, pintura feia, vidros embaçados. 

     Nem demoramos e seguimos para São Caetano, com destino a outro local visto por meu irmão. Lá também o carro não estava legal, e propus irmos a avenida Nazaré, no bairro do Ipiranga, onde há várias agências de automóveis. Ficamos fazendo via-sacra, parando de agência em agência por toda a avenida. Paramos na última da rua, meu irmão até se agradou com um carro lá, mas não fechou negócio. Ainda ficamos esperando o vendedor da agência tentar contato com o dono, para obter um desconto, mas não conseguiu. 

     Como meu pai precisava almoçar para trabalhar no fim da tarde, voltamos para casa. Almocei, e em seguida, deu aquela preguicinha! Acabei deitando na cama de meu irmão, e cochilando um pouco. Já passavam das três, dormi até quatro e meia, quando fui levar meu pai no trabalho. Eu queria ter tomado banho antes, para de lá já ir buscar a Andréa, mas tudo bem.

     Deixei-o lá, e voltei para casa. Tomei meus dois banhos, um de água, o outro de perfume, como diz minha mãe, e fui viajar, fui para Osasco, buscar a Andréa, que viria para casa para fazer um rocambole salgado. Fui lá pelo meu caminho, rodovia Anchieta, avenida Tancredo Neves, avenida dos Bandeirantes, avenida das Nações Unidas ( Marginal Pinheiros ), ponte Eusébio Matoso, rodovia Raposo Tavares, e por ai vai! É tão longe, que quando saí de casa, estava nublado e quase anoitecendo. 

     Quando cheguei na Raposo, estava sol que precisei usar o quebra-sol do carro! Cheguei na Andréa, encontrei-a toda gatona, com rabo de cavalo, brincos de argola, vestido negro, salto alto e um batom vermelho que radiava. A cumprimentei, com aquele beijinho que não estraga batom, mas foi duro, vendo aquela boca, acabei não resistindo e catei ela de jeito! Foi parar batom até na testa da gente, rs.

     Tomei um guaraná e já pegamos as sacolas dela, uma das quais com um pau de macarrão enorme, pesadão, que ela ia usar pra fazer a massa do rocambole. Passamos numa locadora, pegamos um filme, O Náufrago, para assistirmos mais a noite. Seguimos de volta, pelo mesmo e longo caminho, até chegarmos em casa. Mal chegamos, a Andréa e minha mãe, que eu chamo de "as duas comadres", devido ao jeito amigo e carinhoso com a qual uma trata a outra, resolveram ir para a cozinha para preparar o rocambole que as duas haviam conversado durante a semana.

     Fui como a Andréa no mercadinho que fica próximo, para comprarmos uma calabresa e uma latinha de atum e retornamos. Daí, a cozinha da minha casa ficou parecendo o programa da Ana Maria Braga, pois estavam na cozinha a Andréa Maria Braga, o Edson assistente, minha mãe telespectadora e o meu papagaio, o Juca José, no puleiro/pedestal que ele tem, na porta da cozinha, observando a todos e gritando.

     Fui aplicar minhas habilidades culinárias para ajuda-la. Comecei com uma árdua e difícil tarefa, abrir a lata de atum, depois fui arrancar caroço de tomate, untar forma, beliscar a calabresa que estava frita, etc, enquanto a Andréa ia fazendo o rocambole. Minha mãe resolveu fazer um bolo, desses simples, de caixinha, e fui ajudar também, colaborando com a limpeza da tigela e dos batedores do liquidificador e a colher. Depois de tudo pronto e colocado para assar, ficamos ali vendo as travessuras do Pagão e do Vitiligo, que ficavam brincando e brigando, e vendo um pouco de televisão.

     Fomos jantar, eu, a Andréa e minha mãe, já que meu pai estava no trabalho, meu irmão Marcos tinha saído com os amigos e meu irmão Fábio estava na casa da namorada. Estava uma delícia, havia um de atum e um de calabresa. Nisso meus irmãos chegaram e comeram também.

     Depois, ficamos eu com a Andréa e meu irmão Fábio e a Lílian, no quarto, assistindo TV e contando piada, até dar a hora de buscar meu pai. Fui e voltei rapidinho, e fomos para o segundo round, agora comer bolinho. Não que a gente estivesse com vontade, foi só, única e exclusivamente, para fazer companhia para meu pai jantar. Nisso, o sono começou a bater, e percebi que o filme ficaria para o dia seguinte mesmo, e dormimos.

     Acordamos cedinho, meio-dia, rs! Em pleno meio-dia fomos tomar um cafezinho, para poder ajudar a preparar o almoço. Lá fui eu de novo para a cozinha! Enquanto minha mãe e a Andréa preparavam arroz, macarrão, fui fazer uma saladinha de fruta! Coloquei laranja, maçã, mamão, banana e manga, mas não fiquei contente, pois eu queira um abacaxizinho! Como já passavam das duas da tarde e a feira que acontece nas proximidades já estava encerrada, resolvi ir buscar uma melancia, fruitinha que a Andréa e meus pais adoram, numa barraca que existe no começo da via Anchieta, a mais próxima que eu conheço que estaria aberta. 

     Cheguei lá, peguei uma das maiores melancias que tinha e um abacaxi. Cheguei em casa e vi os olhos da Andréa brilharem ao verem a pequena frutinha. Terminei de fazer a salada e já fomos almoçar, eu, a Andréa e meus pais. Meu pai, que passou por uma gripe forte, que lhe tirou o apetite e o fez perder quatro quilos, pelo jeito passou a se recuperar, pois comeu bem naquela tarde. Depois de almoçarem bem, os três, tirando eu, foram comer melancia enquanto eu fiquei na minha saladinha de fruta! 

     Depois de ajeitar a cozinha, fomos ver um pouco de televisão e a Andréa passou a ensinar um pouco de inglês para a Lílian, que vai prestar vestibular no fim de semana seguinte! Passou o finzinho da tarde e a noite na tarefa. Jantamos um pouquinho, arrumei minha sacola, já que resolvi dormir na Andréa, embrulhei um pedacinho de rocambole e de bolo para fazer uma merendinha durante o serviço no dia seguinte e seguimos de volta para Osasco!

     Chegamos lá já passava da meia-noite. Ficamos batendo papo com a irmã dela e o noivo, que estavam fazendo a lista de convidados para o casamento deles. Batemos papo e depois fui levar o Marcel para a casa dele. Voltei e fui, só ai, assistir o filme Náufrago, junto com a Andréa. Me admirei, pois estava com sono, e mesmo assim, consegui chegar ao final do filme sem ter perdido metade dele dormindo. Gostei do filme e recomendo! O filme foi acabar mais de quatro da manhã. Dureza maior foi acordar! Eu que ia sair antes das oito da manhã, só sai do sonho nesse horário. Acordamos já passava das oito. 

     Tomamos um café rapidinho e peguei o rumo do trabalho! Vir de Osasco para Moema é pior do que vir de São Bernardo, o trânsito é maior. Ainda que cortei caminho por dentro da USP, para evitar a Marginal Pinheiros, que vive congestionada dia e noite. Cheguei um pouco atrasado mas tudo bem!! E a semana começou, novamente, graças a Deus!