Diário de Bordo



2001 - 15 e 16 de dezembro


     Chegou sexta-feira, e havia aqui no saguão do prédio uma festinha de confraternização.

     Descemos para lá eu, o Leonardo e a Luciana. Encontramos a sala do auditório com um número baixo de pessoas, alguns garçons servindo uísque e vinho. Já fui logo me servindo com o vinho tinto, torcendo para que fosse doce, mas que nada! O negócio era amargo, parecendo vinagre! Tomei, mesmo assim, só para não devolver o copo tão cheio. A partir dali, fiquei só no chop, no chop, no chop!

     Depois fiquei batendo papo com o Francisco, que é contador, com o pessoal do consultório de odontologia do segundo andar, com os rapazes que trabalham com venda de automóveis no nono andar, com o pessoal da recepção, isso com salgadinho e um chopinho sempre para acompanhar, uma hora uma coxinha, uma hora um bolinho! Difícil era agüentar os intervalos entre um graçon e outro, pois era um pouco demorado, ainda mais para que tem um apetite tamanho G e havia passado o dia sem almoçar.

    O auditório estava tranqüilo, o pessoal sem muita agitação! Sinceramente, já fui em velórios mais animados! E para ajudar, não sei quem foi o infeliz que colocou música clássica, no micro sistem que ficava no palco, num volume tão baixo que era preciso fazer esforço para saber o que tocava! Isso, sem contar a coluna com um arranjo de flores montado no palco, realmente, só faltava o finado!

    Mas a coisa melhorou. Depois que o síndico do prédio foi embora, a galera tomou conta. Trocaram o rádio, mudaram os CD’s, alguns até arriscavam alguns passos!!

    Logo em seguida, fizeram o sorteio de alguns presentes! Aí que quase a coisa voltou a ser um velório, pois acho que só na Basílica de Aparecida do Norte existe uma concentração de velas tão grande como naquele auditório naquela noite. O pessoal ia sorteando os nomes, o pessoal pedia pra ver o presente: vela. Abria outro, vela, outro vela. A sorte é que haviam alguns CD’s para quebrar a seqüência.

    Acabado o sorteio, a galera que já não era grande começou a dispersar e ir embora, e foi o que fiz também! Saí e a chuva começou a apertar no caminho! Ao chegar na rua de casa, passei na casa do Vagnão, que já estava de saída! Marcamos uma balada para o barzinho Santa Filomena para mais tarde e então segui para casa. Cheguei e encontrei um simpático cartão de Natal, o primeiro que recebi esse ano, de minha amiga Maracy de Santos, "bigaduuuu Má". . Jantei uma deliciosa carne com batata cozida.

    Estava mais deliciosa ainda pois não havia almoçado e, cansado do jeito que estava, pois já eram onze da noite, planejei: “vou deitar até meia noite e meia, tomo banho, me troco, busco meu pai e vou para a balada”. Só que desmaiei, com calça, sapato e tudo e só acordei uma e quinze da manhã. Saí rápido para encontrar meu pai pelo caminho, que a essa altura já devia estar vindo a pé. Sorte que não estava chovendo, e foi isso mesmo que houve. Ele já vinha a umas três quadras de casa, peguei-o, voltamos para casa e desmaiei de novo, balada, xi, ficou no sonho!!

    Levantei cedo, por volta de oito horas, isso pra mim é cedo se considerar que era sábado. Fui terminar alguns envelopes de carta de Natal, é carta mesmo, pois não comprei cartão de Natal. Fiz realmente uma imagem de Natal, mas imprimi ela num A4, na parte superior, e escrevi uma mensagem de Feliz Natal junto com um pequeno e simples desenho. Terminei de selar alguns e quando fazia isso, chegaram dois senhores de uma Congregação de Testemunhas de Jeová em casa. Fui atendê-los e conversando, acabamos ficando ali na porta de casa por mais de meia-hora. 

    Só então, voltei para dentro, tomei meu café com leite e dois pãozinhos. Meus pais iam no mercado, e aproveitei para ir numa agência dos Correios junto. Fomos até o Barateiro do bairro do Rudge Ramos, distante cerca de cinco quilômetros de casa, deixe-os no mercado e fui na agência de Correios mais próxima. Coloquei as correspondências e voltei para o mercado, onde os encontrei já seguindo para outro mercado, o Pão de Açúcar, que fica do lado. Entrei com eles e depois de comprar algumas coisas, viemos embora. 

    Seguimos para um sacolão, onde minha mãe foi comprar cuento, coentro, sei lá como escreve isso, e mais algumas frutas. Aproveitei para comer um pastelzinho de frango com catupiry, coisinha básica sabe, junto com meu pai, na banca que fica em frente. Entrei no sacolão, encontrei com minha mãe e tudo comprado, viemos para casa! Daí, fui ajeitar algumas coisas no quarto, mas a preguiça não estava colaborando comigo. Almocei e a cama de meu irmão ficou olhando para mim, eu olhando para ela, e acabei indo lá trocar uma idéia mais de perto com ela um pouco.

Meu irmão armou a Árvore de Natal, e fui lá para terminar de ajeitar, colocar as lâmpadas pisca-pisca, ajeitar a extensão e logo o fim de tarde chegou. Tomei meu banho, ajeitei algumas peças de roupa na mochila, pois iria para a Andréa e dormiria na casa do tio dela, o Samuel e a Regina, para ajudar nos preparativos da festa de aniversário da Carol.

Peguei tudo e saí, quando, ainda a dois quarteirões, percebi a falta do documento do carro e voltei para casa. Minha mãe, veio me avisar que ainda haviam duas caixas de leite no porta-malas do carro que eram da minha tia Maria, que mora a uns cinco quilômetros de casa, e me dispus a levar para ela. 

    Chegando lá, encontrei minha tia, me primo Marcelo e o pequeno Walace, filho do Marcelo, que por sinal é parecidíssimo comigo quando eu era pequeno. Fui tomar um rápido café, e o Walace, de posse de um pacote de bolacha, veio me oferecer, perguntando se eu queria uma. Eu falei que queria uma, ele, sem maldade, perguntou se eu não queria duas, de forma engraçada, parecendo usar da ironia. Rimos, e brinquei com ele perguntando se ele já sabia que eu tinha fama de guloso.

    Tendo tomado café, parti com destino a Osasco! Lá vai estrada, rodovia dos Imigrantes, avenida dos Bandeirantes, Marginal Pinheiros, rodovia Raposo Tavares até chegar!

    A Andréa terminou de se arrumar e saímos eu, ela e a Carol que lá estava. Fui pegar uma lona, que seria usada para cobrir parte do espaço da festa, corda, ferramentas, etc. O uninho foi socado de coisa. Bem que para encher um uno não precisa muito, pois esse carro lota só com lista de compras. Para ajudar, quando eu ia fechar o porta-malas, vi um vaga-lume, que peguei e joguei para dentro do carro. Pensei que a Carol, que já estava dentro do carro, fosse gostar, mas achei errado. Ela, ao tentar pegá-lo, viu ele acender e ficou com medo. 

    Não quis ficar mais no banco de trás. A Andréa teve que ir para trás para fazer-lhe companhia. E quem disse que eu achava o vaga-lume? Escuro, chovendo, banco de trás cheio de coisa. Por sorte, ao sair, vimos o bichinho no teto e coloquei-o para fora. Já passava das nove da noite, e eu com fome. Propus passarmos no Habibs, pois íamos para a casa da Carol, e com chuva, até chegar lá e tudo mais seria tarde.

Seguimos para o Habib’s, cantando como habitualmente, já que estou sem rádio no carro. No repertório, tinha desde aquele “la la la la la la , la la la la la la” do antigo programa Domingo no Parque, “borboetinha tá na cozinha” e aquela do peão que “dormiu na praça, pensando nela”. Fiquei inventando letra também, com ritmo de rock e sertanejo, tirando onda com a fila e com a demora, que eu queria batata logo.

    Quando chegou nossa vez no Drive Thru e só pedimos uma coisinha para beliscar até chegar, como duas batatinhas, um suco, um pastel, duas esfihas de carne, duas de frango. A dureza que isso não durou nem até a metade do caminho. Devia ter pedido mais.

    Seguimos para a casa da Carol, no bairro de Interlagos. Entramos no condomínio, descarregamos o carro com a ajuda do Rafael e do Samuel, estacionei o carro ele lá fora e subimos para o apartamento, onde encontramos com a Regina, que estava a preparar coisas para a festa. O Samuel, de cara, foi preparar uma caipirinha para nós, enquanto esperávamos chegar uma pizza para jantarmos. Eu e a Andréa tomamos caipirinha, vendo os trabalhos de escola da Carol. Logo chegaram as pizzas. Jantamos, e como já era tarde, fomos nos preparar para dormir.

    Levantamos cedo, tomamos um café e passamos a levar as coisas para o local da festinha, dois quiosques que ficam em meio a um bosque, na parte de baixo do condomínio. O local é bem legal, muita área verde nativa, isso, inacreditavelmente, a menos de cinqüenta metros da avenida Interlagos, uma das principais e maiores avenidas da zona sul de São Paulo.

    Descemos primeiro com um carrinho lotado, eu o Rafael. Daí chegou o pessoal que ia fazer a decoração das mesas. Subimos de novo para ajudar a descer parte dos enfeites e daí subimos para descer com as bebidas. Com dois carrinhos, desses de supermercado, lotamos com garrafas, latas e carvão e fomos seguindo para o quiosque. 

    O Rafael foi seguindo na frente e em determinada parte do caminho, onde o piso era inclinado e fazia uma curva, o Rafael foi perdendo o controle do carrinho, devagar. Eu, que estava com o outro carrinho e não tinha como parar ou apoiar para poder ajuda-lo, só pude assistir o tombo, que parecia estar passando em câmera lenta. Primeiro o carrinho saiu do cimentado e entrou com a rodinha na grama, daí foi inclinando, inclinando, devagar. 

    Até que ele não agüentou mais segurar e voou guaraná, carvão e cerveja por todo o gramado. Desci, voltei para carregar o carrinho dele e prosseguimos o caminho. Depois, a “bica” foi para colocar a lona no local. Não encontrávamos apoio para fixa-la junto ao quiosque. Chegamos a procurar alguns galhos pela parte de baixo do bosque, atrás de galhos cumprimos, mas sem sucesso. Até que trouxeram algumas madeiras e cordas, só daí a cobertura começou a sair.

    Depois fui buscar com o Marcel, cunhado da Andréa, uma mesa de ping-pong para montar a mesa do bolo. Arrumamos as mesinhas e cadeiras e o povo já estava chegando. Eu, estava num estado de dar dó, de sujo. Subimos eu e a Andréa para tomar banho e nos trocar para a festa. 

    Tomamos um banho, e saímos pelo bairro, de carro, em busca de uma fita para filmadora, que não encontramos. Daí, só então voltamos para a festinha. Comemos um pouco e já ficamos lá do lado do aparelho de videokê, onde depois da criançada cantar, fomos fazer nossa competição. Eu comecei cantando Sobradinho, de Sá e Guarabira. Depois cantei com a Andréa aquela “é pau, é pedra, é o fim do caminho”, junto com a Andréa. Ela fez o papel de Andréa Regina e eu de Edson de Moraes. Para fechar, eu o Daniel e o Rafael cantamos  Robocop Gay, dos Mamonas, mas fazendo voz de Pavarotti, ficou lindo!

    Daí ao anoitecer, cantamos os parabéns, comemos bolo, doce, e partimos para desarrumar tudo, antes que escurecesse muito, mas envão, pois logo ficou escuro. Daí, começamos a levar tudo de novo lá para cima, e olhe que eram primeiro vários degraus, depois uma rampa,  um trecho plano e outra rampona, para chegar até onde o carro parava, mais uma rampa até chegar no térreo do apartamento.

    Carregamos tudo e segui com a Andréa para a casa dela. Assim que o pai dela também lá chegou, fomos descarregar o carro. Que beleza, mais escada, até deixar as coisas mais pesadas, e mais dois lances de escada até guardar o restante das coisas. Meus joelhos, já não tinham firmeza nem para ficar parado. Terminamos de assistir o programa Clube dos Artistas, já que era a final, e só depois, peguei a estrada para São Bernardo.

    Cheguei e desmaiei. Levantei, atrasado por sinal e vim trabalhar. Chegando, me entregaram na recepção uma embalagem do submarino.com, em meu nome. Fiquei intrigado, já que não havia comprado nada lá, até que já aqui no escritório, abri a embalagem e vi do que se tratava, de um presente, da minha amiga Cris Malta, lá de Minas Gerais. 

     Um livro do Dalai Lama, Palavras de Sabedoria!! Gostei!!! Bigadu Cris!!!