Diário de Bordo


Diário de Bordo 2001

2001 - Junho


    Já no fim de semana, o sábado eu passei em casa, ajeitando as tralhas. Só a noite que fui para a Andréa. Combinamos que ela iria vir dormir em minha casa, e fui busca-la a noite. Mas não fomos para minha casa, fomos para o Chalé Motel, que fica na Rodovia Raposo Tavares, onde passamos a noite e só saímos de manhãzinha! Viemos para casa, almoçamos bem e capotamos num soninho a tardinha.

    A semana seguinte foi corrida aqui novamente na agência. Sei que eu esperava ir na Andréa na sexta e acabei nem indo. Resolvi ir para minha casa e ir para lá no sábado, onde iria ajuda-la nos preparativos da festa de aniversário dela que seria sábado a noite. Fiquei ajudando a limpar e lavar o quintal, enrolar cajuzinho, encher canudinho de doce de leite, etc.

    Vim para casa a noite, para buscar meus pais, meus irmãos, o Marcão Mala e o Vagnão Mala. Eu tava preocupado em alugar um carro, pois só tenho o uno, o Santana de meu irmão roubaram, e eu não sabia como ia fazer para ir meus pais, meus dois irmãos com as respectivas namoradas, rolos, e meus dois amigos. No fim das contas, sobrou lugar, pois o Vagner, mesmo com um coletão de gesso de 12kg no peito, foi dirigindo o carro dele. O Marcão comprou um Gol naquele sábado, meu uno tava em casa e vim da casa da Andréa no carro do pai dela. Foi uma procissão até chegar em Osasco. 

    Acabamos chegando tarde, mas deu para curtir bastante a festa. Tinha um videokê lá, mas a criançada dominou mais que os grandes. Eu ainda dei uma cantadinha só para marcar presença, mas fiquei sossegado para cantar. Meus irmãos, que enrolaram um monte para cantar, bateram o recorde dos pontos no videokê, 99 pontos! Nem arriscaram cantar mais pra não diminuir a pontuação, que dificilmente seria repetida.  

    Depois do bolo, o povo começou a ir embora. Novamente, a procissão de carros de São Bernardo tomou o caminho de volta. Eu vim junto também. No dia seguinte, voltei para a casa da Andréa e almocei por lá. Como o a parelho de videokê que haviam alugado ainda estava lá, e eu e o Rafinha, primo da Andréa, gostamos de cantar, não deu outra. Passamos a tarde inteira, não sei se alegrando ou infernizando a vizinhança, com nosso repertório eclético de músicas escolhidas a esmo, simplesmente um falando um número, outro escolhendo outro número e esperando a música que aparecesse no aparelho para cantarmos. 

    Ficamos nessa até anoitecer, uma música atrás da outra. Eu cantei de tudo, até Beatles saiu, bem que muito mal, tanto o tom quanto o inglês, que por sinal não é nada bem! Mas cantei sertanejo, aquela "A Garagem da Vizinha", cantei fazendo voz grossa, cantando Tim Maia, até Tete Spindola com Escrito nas Estrelas saiu naquela tarde. Foi muito legal.

    Depois de mais uma semana de trabalho, chegou sexta-feira, saí daqui da agência e fui direto pra casa da Andréa. Dormi por lá, ou melhor, passei a noite pescando, pois eu geralmente deito e desmaio, mas naquela noite, a Andréa não estava bem, com as dores que ela vem sentindo no abdômen, e acabei  acordando diversas vezes durante a noite. Sem contar com uma esquadrilha de pernilongos que ficaram infernizando o nosso silêncio. Vim embora quase meio-dia. Saí com o tempo suficiente para sair de Osasco e chegar em São Bernardo, ou seja 40 minutos, mas "morri na praia", pois esse tempo, só dá para fazer de noite e de madrugada. Em pleno sábado, meio dia, não deu para chegar nem no bairro de Moema, que fica na metade do caminho.

    Vendo que não conseguiria chegar a São Bernardo a tempo, onde eu iria na Secretaria da Educação, ver um problema que houve no cálculo da minha bolsa de estudos, me dirigi para casa, onde passei a tarde arrumando umas tralhas do meu quarto.     Até que não sofri muito para arrumar, pois até que tenho conseguido deixar quase tudo em ordem, já que não tenho tempo de bagunçar nada.

    Coloquei minha papelada em ordem, meus extratos, meus canhotos de cheque em branco que vou ficar adivinhando o que foi quando conferir com o extrato, minhas anotaçoes. No início da noite,  voltei para Osasco. A noite ficamos em casa, fizemos um foundee de morango. Era para termos nos encontrar com minha amiga Andréia e a irmã dela, a Adriana, juntamente com meu amigo Marcão, no barzinho Liverpool em São Bernardo, mas não deu para irmos, e para ajudar o Marcão também se enrolou e ninguém acabou encontrando ninguém naquela noite.

    Voltei minha casa lá pelas duas da manhã. Acordei cedo, hehehe, pra lá das dez da manhã, tomei um cafezinho, enquanto minha mama preparava um almocinho bem light, uma feijoadinha!    Enquanto ela preparava, fui dar uma de Dinda, lavando o banheiro de casa, cujas paredes já estão ficando negras de tanta umidade. Lavei, esfreguei, tanto, que ainda hoje terça-feira estou com as pernas e braços doloridos.

    O restante do domingo passei lavando o meu carrinho, que já estava quase cinza de tanta sujeira. Eu estava preocupado pois na sexta-feira um guarda me parou, pediu os documentos e queria remover meu veículo porque o documento estava em desacordo com o veículo, já que no documento está preto e o carro estava todinho cinza. Lavei, sequei, joguei as sujeiras para baixo dos tapetes, já que meu aspirador de pó pifou. 

    Daí tomei um banho e a noite fui visitar meu amigo Vagner que esta engessado em casa ainda. Ficamos batendo papo e brincando com um novo gato que ele arrumou. Um gatinho pequeno, vira-lata, preto e branco. Até que é bonitinho, só ta faltando uma coleira ou fitinha vermelha para dar um ar de são Paulino tricolor, aí ele vai ficar bonitinho mesmo. Depois fui para casa, assisti ao filme Chacal, e fiquei com inveja daquele ator que parece comigo, o Bruce Wilys, passeando para lá e para cá naquelas Grand Caravan da Chrysler, o carro de meus sonhos!

    No dia dos namorados trabalhei até as oito da noite. Saí daqui da agência e fui no shopping comprar uma caixa bem bonita, em forma de coração. Achei uma legal numa papelaria do shopping, toda mesclada em tons de branco e vermelho, com uma textura. Comprei também um cartão musical bem bonitinho, com a música do Titanic, coloquei o pijaminha que eu havia comprado e fui para a casa dela.

    Cheguei lá, fui recebido por ela toda gatona, com uma blusa preta, cheia de pelinhos, uma saia xadrez e uma bota. Tinha uma mesa posta com vela acesa, o som ligado com música instrumental, a luz apagada. Jantamos lazagna, carninha com batatas, regado por um delicioso vinho, doce e gelado. Após o jantar, ..., e um delicioso pudim de leite condensado preparado pela minha namorada.

    Foi legal, depois ficamos nos curtindo e namorando até a meia-noite e pouco, quando tive que vir embora para Sã Bernardo para buscar meu pai que começou a trabalhar num emprego novo, num posto de combustível aqui em São Bernardo mesmo, a cerca de 3km de minha casa, e como ele ia sair a uma da manhã, fui busca-lo para ele não voltar na caminhada, já que nesse horário não há mais ônibus para minha casa de lá.

    Acabei de retornar do almoço hoje, onde papei um comercial com calabresa. Esse restaurante eu costumo chamar de "o menos sujo", porque tem outro aqui perto, na avenida Ibirapuera, que eu apelidei de "sujinho". O "sujinho" é um verdadeiro boteco, em que servem refeições. É o mais baratinho dos locais para comer por aqui em Moema, só perde para as barraquinhas e mini-vans ( he he he, acho um crime chamar uma Towner de mini-van, mas tudo bem ). 

    Lá no sujinho, além dos bancos circulares próximos ao balcão, e de mesas e cadeiras antigas de madeira, sem contar é claro com as inscrições de suas bebidas no alto das paredes, tem umas máquinas de videokê em que se pode colocar fichas. As vezes elas estão ligadas e o som quase torna insuportável um almoço tranqüilo. Ele é reduto do pessoal dos Correios, que sempre estão na casa, com seus uniformes.

    Já o "menos sujo" é mais "moderninho", é como se fosse um botecão mas tiraram as mesas e cadeiras de madeira ( se é que existiram no passado ), e colocaram mesinhas e cadeiras com pés de aço ( similares aos existentes nas lojas Mc Donalds ). O público é mais eclético, tem o pessoal do correio também, os taxistas que fazem ponto na porta, e pessoas de origem diversas. Tem até uma televisão de 29 ´, que dá para ver o que passa no Video Show da Globo. Pena que só da para ver, pois o barulho do trânsito da rua, somado aos gritos e brincadeiras dos taxistas em frente, os gritos dos garçons para lá e para cá atendendo e gritando "uma coca", "calabresa", etc, deixam com curiosidade quem presta atenção ao aparelho vendo algo de interesse mas não consegue entender os detalhes pelo som.

    A comida não é tão ruim, sinto que vem um pouquinho de óleo a mais do que eu preciso, mas tudo bem, não como lá todo dia mesmo.

    Na véspera do feriado, fui para o videokê Fórum, o mesmo que fiz meu aniversário ano passado. O Marcão Mala me ligou dizendo que passava pra me pegar, já que meu irmão caçula foi ver o "rolo" dele com o meu carro. O Marcão disse que ia passar em minha casa as onze da noite, daí, eu, conhecendo bem meu amigo, resolvi, ir tomar banho, a meia-noite. Não deu outra, Ele veio chegar em casa meia-noite e meia, junto com o irmão dele, o Márcio, um pagodeiro e músico. 

    De casa, fomos ainda buscar o Milton Manga, outro músico, que não abandona um apito e uma gaita, e o Paulinho, que tinha acabado de fechar a pizzaria e tava tomando banho. Lá pela uma e pouco da manhã, os cinco cuecas seguiram para o videokê. Era aniversário da Márcia Country ( country porque ela é fã incondicional de country, freqüentadora assídua do Estância Alto da Serra, casa tradicional do estilo aqui de Sampa. E pra não desmerecer o título, estava ela com o seu chapéu no videokê. Ficamos curtindo a festa, vendo o povo cantar. 

    Encontrei por lá a Rosangela, que só encontro mesmo nos aniversários da Márcia,  além da Lenice e do Roberto. Fui cantar uma música com o Márcia e a Lenice, mas nem lembro qual foi o música. Depois, mas bem depois, lá pelas quatro da manhã, uma música de um cantor internacionalmente conhecido, Reginaldo Rossi, A Raposa e as Uvas, junto com um colega da Lenice.

    O Milton fez a sua performance pessoal, fazendo todo mundo rir, cantando uma música que canta assim:  ... quando você me beija, quando você me beija, mas mudando a letra pra:  "quando eu tomo cerveja, quando eu tomo cerveja", acompanhado é claro da gaita dele, e de um maldito apito que de vez em quando ele usa!

    Me deixaram em casa sei lá que horas eram, sei que acordei as nove e meia, tomei um café e logo saí como minha mãe com destino a Santa Bárbara do Oeste, pra visitar meus primos e minha tia, a Pequena. Esse apelido é muito justificado, pois minha tia é pequenininha mesmo. Saímos de casa por volta das 10 da manhã, passamos em Osasco para pegar a Andréa e pegamos a estrada. Devido ao trânsito, acabamos chegando lá uma da tarde. 

    Lá moram minha prima e o marido, dois filhos, minha tia, chamo tia mas ela é irmã  da minha vó, mãe da minha mãe. Ela mora numa casa nos fundos, e fez questão que almoçássemos na casa dela. Como eu comi naquela tarde, a tia fez comida pra muita gente, esperando que meu pai e meus irmãos fossem também. Ela mesma quase não comia, só conversava, sempre com aquele jeito humilde, simples e alegre, que nos impedia de passar mais de um minuto sem dar boas gargalhadas de suas histórias, de seu dia-a-dia, como as travessuras que ela faz na escola, pois ela está estudando, com mais de ointenta anos.

       Foi uma via-sacra gastronômica, pois almocei na casa da prima, depois almocei na casa da tia, depois tive que tomar pelo menos uma coca na casa do Zé, irmão da minha prima, que mora na casa vizinha. Eu devo ter engordado uns quatro quilos só ontem. Mas foi muito legal revê-los.