Diário de Bordo


Diário de Bordo 2001

2001 - Janeiro


     Meu começo de ano foi legal. Passei o Reveilon no Guarujá. Choveu muito mas foi legal.

     Dia 14 sofri uma enchente. Ou melhor, meu carro sofreu. Estava eu aqui no trabalho, e havia parado meu carro na rua que fica do outro lado da avenida Ibirapuera, a Aratãs.

    Começou a chover torrencialmente em São Paulo. Estava claro ainda. Meu carro estava estacionado na rua, e dava para eu ver da janela, pois o escritório que trabalho fica de frente para a avenida Ibirapuera. Eu já havia presenciado um dia o trecho do outro lado da avenida alagar com uma chuva forte, e por isso fiquei observando. É somente o trecho de dois quarteirões, que possui um pequeno declive, quase esquina com a avenida Ibirapuera.

     De repente, vi que a rua estava com muita água, e os carros passavam jorrando água. De imediato, desci, por volta de sete horas da noite, para tirar o carro de lá. Não consegui um guarda chuva, então, deixei documentos, agenda e papéis na portaria e fui só com a chave, correndo, em meio a tempestade.

     Chegando ao carro, a água já me cobria os calcanhares e dento do carro, a água já dentro, cobria os pedais e inundava o assoalho. Meu carro tinha um alarme que bloqueava a gasolina e travava as portas. Quando cheguei, o controle havia molhado, e não quis funcionar.

     Fiquei insistindo, ali mesmo em meio a chuva, e nada de o sensor abrir as portas. Fiquei no posto de combustível que havia em frente, tentando, tentando e não conseguia. Fiquei ali, sem conseguir fazer nada, pois meu carro estava estacionado entre dois outros, que também começavam a ser inundados.

     Fiquei observando a água subir rapidamente acompanhando o nível na lateral do carro. Até que percebi a traseira do carro ser erguida. Preocupado, vi que poderia então, arrastar o carro dali, no braço, e o fiz. Abri o carro, arranquei o rádio amador rapidamente que ficava embaixo, coloquei no painel, e vi meu toca-fitas ficar submerso, já que a água entrou muito rápido dentro do carro.

     Desengatei, soltei o freio e vim para fora, em meio a chuva, e comecei a arrastar o carro, sozinho, sob os olhos de diversas pessoas que estavam no posto em frente, que ficava num nível mais alto, carros que estavam parados antes do trecho inundado e pessoas na concessionária Honda que há do outro lado.

     Na concessionária, a movimentação também era grande. Ela possuiu uma garagem no piso inferior, com a rampa que da acesso pela avenida Ibirapuera, e a garagem começou a alagar, enquanto que os motoristas saiam afoitos com os carros pela rampa, saindo pela calçada na contramão. Arrastei meu carro até o meio da rua, e comecei a tentar trazê-lo para a parte mais alta da rua, mas a correnteza estava contra meu favor, e não conseguia empurra-lo.

     A água subiu até quase nos vidros, chegando a quase cobrir o capô. Depois que tirei o carro da calçada, fiquei observando do posto em frente, até que comecei a ver os outros veículos, que estavam com as traseiras erguidas, boiarem pela rua, de um lado para outro, e vindo de encontro ao meu.

     Voltei para a rua, com a água na cintura, e comecei a arrastar um Gol, um Palio e uma Parati que boiavam, ameaçando bater no meu carro e entre eles, tudo isso sob a chuva forte. Ia pegando os carros pela traseira levantada, e ia arrastando até ficarem distantes uns dos outros.

     Esse posto, fica de esquina com a avenida Ibirapuera, e também estava alagado. O nível dele é mais alto que o da rua, mas mesmo assim, diversas pessoas ficaram ilhadas nele, com a água quase invadindo o interior.

     Quem estava no posto não tinha como sair, pois tanto do lado da rua como do lado da avenida, que são mais baixos, estavam alagados.

     Pedi o telefone de um dos que estavam presos no posto, para ligar para o guincho do seguro, pois sabia que o carro não sairia dali com as próprias rodas naquela noite, mas os telefones não funcionavam. Só conseguiu ligar, indo ao orelhão próximo. Enquanto aguardava, apareceu o dono de um dos outros carros que estavam boiando, um jovem, dono da Parati, que havia estacionado ali e ido na casa da namorada, na mesma rua. Ajudei-o a arrastar o carro para o posto, e ele ajudou-me a arrastar o meu para a parte menos alagada, na rampa de acesso ao posto, onde ali, já sem chuva, comecei a tirar a água empoçada no interior do uninho.

     A água baixou rápido, sendo que por volta de nove e meia da noite, só haviam poças. Começaram a aparecer os donos de outros veículos, como o dono do Gol que eu arrastei, que acabou ficando atravessado no meio da rua quando a água baixou. Quase dez horas, chegou o guincho, que pegou meu carro e trouxe para minha casa. Coloquei-o na garagem e comecei a tirar o restante da água, arranquei o banco traseiro, tirei os bancos, levantei o carpete e comecei a secar a água que estava no assoalho.

     Depois de deixar tudo aberto, escancarado na garagem, fui tomar um banho, comer e dormir. Cedo, fui buscar um mecânico que trabalha em minha rua e vim com ele mostrar o que havia acontecido. Ele verificou o módulo de injeção, que fica embaixo do porta-luvas, as velas, a caixa de fusíveis. Passou bastante WD e pediu para eu ligar. Após algumas tentativas, o carro ligou, com a graça de Deus.

     O mecânico disse que foi um milagre, pois tudo havia ficado submerso e estava funcionando aparentemente normal. Coloquei os bancos da frente e vim trabalhar. Deixei o carro num lava-rápido, onde mandei lavar e trocar os feltros que ficam sob o carpete. Dois dias depois, eu estava com o velhinho guerreiro de volta na estrada.

     No dia 23, a srta. Sandra da Boate Live, entrou em contato telefônico comigo, informando que eu estava convidado a ir a boate, pedindo que eu fornecesse meu nome para ser colocado na lista de convidados. Coloquei meu nome, de meu irmão e mais dois amigos, me esclarecendo somente que deveríamos chegar antes da meia-noite a casa, que teria entrada vip, pagando somente o que fosse consumido. Chegamos a boate por volta das 22:30h do dia 24/01/2001. Ingressamos na fila existente a esquerda do estabelecimento, onde permanecemos quase que parados no lugar até a meia noite e quinze, pois a fila não andava.

    Os seguranças da boate e uma moça, chamada Lúcia, permaneciam a frente do estabelecimento, escolhendo as pessoas que chegavam, sem critério definido, desrespeitando o direito de entrar de todos que permaneciam na fila. Chegamos a entrada da boate por volta de meia-noite e quinze, e fomos barrados pelos seguranças da boate que informaram que não poderíamos entrar na casa pois dois de nós estavam calçando tênis. Esclareci ao segurança que havia pessoas entrando de tênis sim, pois testemunhei, eu e meus amigos, diversas pessoas entrando, entre as "escolhidas" pela recepcionista da casa.

    O segurança informou que a casa abria excessões. perguntei quem era o responsável por essas excessões, ele informou que a sra Lúcia viria falar conosco. pediu para que ficássemos de lado, que eles iam ver o que iam fazer. permanecemos, por mais de meia hora, parados, sem receber nenhuma satisfação, sendo que a sra. Lúcia, a pessoa que iria falar conosco, estava a dez metros de distância, selecionando pessoas fora da fila, sem vir falar conosco.

    Solicitamos aos seguranças o gerente ou responsável presente da boate, o segurança informou que o gerente não estava. solicitei que fosse dado um esclarecimento, ele informou que não era ele que permitia o acesso. Informei ao segurança que estava com necessidade de urinar, por estar a mais de duas horas na fila, pedi para que ele tomasse alguma providência, o segurança me ignorou.

    As pessoas na fila começaram a ficar exaltadas pela demora. eu fui o responsável por conter a manifestação do público, procurando acalmá-los, orientando que não adiantava ofender, xingar, que assim não resolveríamos o problema, pelo contrário, perderíamos a razão podendo sermos acusados de baderna, já que os seguranças se limitavam a obedecer as ordens da sra. Lúcia, permitindo que esse ou aquele cidadão entrasse, nada mais.

     Informei que se  não fosse tomada nenhuma providência chamaria a polícia. tendo sido ignorado, entrei em contato com o 190 solicitando uma viatura. de imediato, fomos atendidos pela policia militar, que enviou uma viatura em poucos minutos.
Expliquei o ocorrido ao policial, este me orientou a prestar queixa contra a casa. solicitei que o policial me acompanhasse para eu pegar o nome dos seguranças, para poder fazer uma queixa certa, identificando claramente quem eram os envolvidos.

    O policial disse para eu pedir o nome dos seguranças, me dirigi aos seguranças e pedi a gentileza de me fornecerem o nome, já que não possuíam identificação. o segurança me respondeu que não me conhecia e não ia informar nem o nome dele. informei isso ao policial, que se dirigiu ao segurança e exigiu a identificação dos dois seguranças da boate.

    De posse da identidade dos dois seguranças da boate, nos dirigimos ao distrito policial do Brooklin, onde efetuamos boletim de ocorrência. Deixo minha reclamação contra essa casa, cujos funcionários convidam pessoas, mas não os atende, não os ouve, os ignoram, deixando esquecidos a sua frente, sem dar satisfações, discriminando as pessoas a sua porta, desrespeitando as que permanecem em fila para entrar na casa, a favor de alguns escolhidos a olho.

    Passei esse conteúdo para diversos veículos de comunicação e órgãos de reclamação. Recebi por um deles resposta da casa informando que eu havia me recusado a entrar na casa por não querer pagar, segundo resposta do gerente da casa. Reafirmo aqui, todos desta casa são uns irresponsáveis, mentirosos.

    Começa pela recepcionista, que escolhe quem ela quer, depois os seguranças, que são um bando de bunda-mole que não tem autonomia para resolver nada, somente fazer pose de guarda-roupa na entrada, o gerente, que se manifesta através de inverdades, e os donos da casa, que com certeza tomaram conhecimento do fato, e ficaram omissos.

    Aviso: quando acontecer algo assim com você, procure a polícia e um advogado, pois com um, ele saberá conduzir a reclamação, como deverá ser feito o boletim de ocorrência para que você tenha sucesso no caso de processar a casa. Não processamos a boate, porque neste caso, procuramos um advogado somente após o ocorrido, e recebemos esta instrução dele.