Diário de Bordo


Diário de Bordo 2001

Diário de Bordo - 2001 - Fevereiro


     Chegou um fim de semana e partimos a noite, eu com a Andréa, meus irmãos Fábio e Marcos, para a zona norte, para encontrarmos com nosso amigo Adriano e mais um pessoal, para passarmos o final de semana do dia três e quatro de fevereiro.

         Depois dos desencontros, estávamos todos reunidos na marginal Tietê seguindo para Jacareí. Chegamos no sítio em Jacareí, ficamos ajeitando o ambiente, comendo pizza, batendo papo até umas cinco da manhã. Sábado, saiu um belo sol, e fomos pra beira da represa de Igaratá, prá tomar um solzinho!

         Regado sempre a uma cervejinha para não desidratar, é claro! A tardinha comecei a assar uma carninha, com aquele capricho que gosto de fazer! Fui descascando alho, temperando as carnes! Depois servindo pro povo! Estávamos ao todo em onze, além de eu, a Andrea e meus irmãos, o Adriano, três garotas, mais um casal com duas filhinhas, uma de um ano e meio e outra com quatro anos.

         De noite, fiquei curtindo uma bela duma rede com minha gatinha, com a barriguinha cheia. O restante do pessoal ficou assistindo vídeo, outros dormindo. Pois um dos colegas teve que ir trabalhar e ia voltar a uma da manhã. Nem vi ele chegar, capotamos de sono, levantando só no domingo as 10. Depois de um belo café da manhã, trazido na cama, seguido de uma "sobremesa", saímos e fomos passear de lancha com o pessoal.

         Ficamos passeando por mais de meia hora, com um esquiando. Tudo normal, o sol quente de doer, acabei com metade de um cenoura e bronze 25. Estávamos a passear, sossegados, bem no meio da represa de Igaratá, quando a Andréa, que de natureza é cagona, fica reclamando que estava entrando água no barco. A gente nem ligava, pois desde o começo do passeio, ela ficava pedindo para eu pilotar mais devagar, que queria voltar.

       Ela tava falando "tem água no meu pé", a gente tá bom, é assim mesmo, ela falava e a gente nem ligava. Ai ela falou que a água tava cobrindo a bateria. Ai  assustamos, pois até então só ela tava sentada pra trás, todo mundo tava ou lá na frente, ou no meio mas olhando pra frente!

         Quando vimos, a água tava alta mesmo no barco. Como ele tava empinado, tava feio de ver lá atrás. Começamos a passar quem dava mais pra frente, isso tudo a uma boa distancia de qualquer margem! Quando o povo passou pra frente, a água veio toda pro meio, para os pés de quem tava no meio. Estávamos em oito na lancha. A água subiu de repente, estávamos vendo a hora da lancha ir a pique de uma vez. 

        Eu, pra ajudar, tava com um colete salva vidas pequeno, e o pior, não sei nadar! Lá no cofrinho não passava nem pensamento de tanto medo. O Adriano tomou a direção e socou o que pode em direção a margem mais próxima, um barranco bem acidentado, conseguimos chegar no barranco, a cerca de dois quilômetros pelo meio da água da casa onde estávamos.

         Desembarcamos todos no barranco, o Adriano arriscou ir só com a lancha de volta pra casa pra tentar esvaziá-la, e foi. Não vimos ele ancorar, pois o morro cobria a casa. Ficamos esperando por mais de uma hora, nada, nem um sinal dele. O tempo estava feio pra outro lado, chuva forte vinha, resolvi sair e ir atrás de ajuda. Subi pela terreno, sai na casa que dava de fundos pra represa onde estávamos, não havia telefone. 

        Só tinha na guarita do condomínio, a 3km, em chão de cascalho. Não tinha outro jeito, encarei. Andei creio de um km e meio, quando passou um Jeep, pedi carona ate a portaria, contando o ocorrido, o rapaz do jeep resolveu ajudar, voltamos pra casa dele, tentei ligar de lá por celular mas sem sucesso, dai fomos em outra lancha buscar o pessoal.

         A Andréa tadinha, tem pavor de barro, mas pavor mesmo, teve que desembarcar no barranco pisando na lama, quase teve um troço. Pra voltar, conseguimos subir numa bóia com uma bomba de puxar água que havia na margem e pulamos pra lancha do cara. voltamos a casa e o Adriano ainda estava com a lancha encostada, remendando o casco com fibra de vidro pra voltar e buscar a gente.

         Depois de arrumarmos o rasguinho na casco,  30cm, feito provavelmente por algum pedaço de terra que estava pouco submerso, ainda demos uma voltinha e recolhemos o barco.Voltei de novo a fazer aquela carninha pra almojantarmos, ficamos batendo papo e por volta de 9 da noite puxamos o carro pra São Paulo de novo. Me senti o verdadeiro Jack Dawson num Titanic passando em FF. Foi punk! Mas correu tudo bem! Sem aventura não ia ser tão gostoso de lembrar!